segunda-feira, 12 de março de 2012

O fenómeno Djokovic

Desde o ano de 2003, nenhum jogador para além de Roger Federer ou Rafael Nadal conseguiu chegar ao tão desejado número um do ranking mundial. Para muitos, permanecerá como, talvez, a maior rivalidade de sempre, uma vez que são 19 as finais disputadas entre ambos. No entanto, o ano de 2011 trouxe uma reviravolta inesperada (ou seria esperada?): Novak Djokovic saltou para o topo do ténis mundial da forma mais afirmativa possível.

Novak Djokovic no Australian Open 2011
O sérvio, de 24 anos, saiu finalmente da sombra de Federer e Nadal, jogadores que o mantiveram como número três mundial durante quatro anos consecutivos. A opinião pública tenística ia mais longe e chegou a dizer-se que Nole era um jogador destinado a ser número um do mundo, mas que tinha nascido na época errada. Aquilo em que ninguém pensa é que essa pode ter sido uma das razões para a explosão de Djokovic na altura perfeita: em vez de liderar a hierarquia mundial com apenas 21 anos, por exemplo, onde a extravagância, os milhões e, principalmente, a pressão de ser bem sucedido em todos os torneios em que entra, o pupilo de Marian Vajda atinge o objectivo de vida com 24 anos. Apresenta uma maior maturidade, maior controlo e isso torna-se preponderante. Enquanto número 3 do mundo nunca teve a obrigação de derrotar Federer e Nadal, e os olhos dos críticos ignoravam-no, tal era a dimensão da rivalidade entre o suíço e o espanhol.

No entanto, 2011 foi o ano da definitiva afirmação de Djokovic. Mesmo sem entrar numa análise qualitativa, rapidamente se percebe a magnitude dos resultados conseguidos pelo sérvio. Terminou o ano com 70 vitórias e apenas 6 derrotas, e 10 títulos conquistados - 3 do Grand Slam (Australian Open, Wimbledon e US Open) e 5 da categoria 1000, um recorde. No início da época esteve literalmente imbatível, pois conquistou os seus primeiros 7 torneios, chegando a umas impressionantes 41 vitórias consecutivas (43 se contarmos com a final da Taça Davis de 2010), sendo a melhor série desde a de John McEnroe, em 1984, quando conseguiu 42. Apenas Roger Federer o travou, nas meias-finais de Roland Garros, num dos melhores jogos do ano. Como se não bastasse, Novak Djokovic tornou-se a besta negra do então número 1 do mundo, Rafael Nadal. Nos ATP Masters 1000 de Miami e de Indian Wells, Novak derrotou Nadal em ambas as finais, pondo os experts alerta. No entanto, a grande surpresa surgiu na terra batida de Madrid, onde Nadal era rei, e onde Djokovic começou a roubar a coroa. A verdade é que a coroa foi mesmo roubada pois, no final de 2011, em 6 finais disputadas entre os dois nos torneios mais importantes do Mundo, o sérvio saiu vencedor em todas elas.

O melhor de sempre?

Sem dúvida é muito cedo para o incluir no debate pelo título de melhor jogador de sempre, mas como melhor época de sempre, a temporada de Djokovic entra definitivamente na discussão. Assustador para os seus adversários é ver a forma com que iniciou esta época. Enquanto ainda eram bastantes os críticos que afirmavam que Nole era um one season wonder, o sérvio abriu a época com a vitória no Australian Open, tendo derrotado na final... Rafael Nadal. Final essa que, para além de ter sido um dos mais bem jogados e mais emocionantes confrontos alguma vez vistos, foi a mais longa de sempre, pois a batalha só terminou ao fim de 5h53.
Djokovic derrota Nadal em Wimbledon 2011
A chave do sucesso de Djokovic prende-se com trabalho mental: uma frieza notável, uma táctica de jogo exemplar, com todos os pontos pensados e construídos com bisturi. Obviamente que precisou da técnica para concretizar tudo o que foi pensado, mas foi especialmente a nível mental que o sérvio conseguiu superiorizar-se a Federer, Nadal e companhia. O ano de 2012 começou bem para Djokovic, mas todos os olhos estão nele, incluindo os de Federer, Murray e especialmente os de Nadal, que precisa urgentemente de recuperar a sua honra frente a Nole. Na actualidade é o melhor do mundo, sem sombra de dúvida. Para entrar na discussão de melhor de sempre ainda precisa de mais anos a este grande nível, para ver como gere o sucesso contínuo, algo que Federer conseguiu de forma imperial. 

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